O Carmelo aparece primeiramente como Cabo Sagrado nas tradições egípcias do séc. XV a.C. Teria uma longa história como lugar de culto. A parte mais elevada da Montanha de Deus tem aproximadamente 546 metros a cima do nível do mar, estendendo-se por 25 Km. Começa junto ao mar Mediterrâneo, onde está o convento Stella Maris e termina em Muhraqa.
O nome Carmelo sugere a tradução para "jardim florido" ou "jardim de árvores" e, assim é: um verdadeiro jardim. Em diversos textos da Sagrada Escritura ressalta-se a beleza do Carmelo:
"A glória do Líbano foi dada, o esplendor do Carmelo e do Saron" (Is 35,2).
"Tua cabeça ergue-se sobre ti como o Carmelo" (Ct 7,5).
De fato, a beleza do Carmelo nos faz recordar a constante presença de Deus em nossa vida e por toda a natureza.
São João da Cruz evoca a beleza do Carmelo
O grande místico carmelita
João da Cruz (1542-1591) mostrou o imostrável: a união entre
Deus-alma-natureza. Cantou em sua poesia “Cântico
Espiritual”, a beleza divina na criação. João da Cruz via a presença de
Deus na natureza. Para ele, a natureza é um rastro de Deus:
No Amado acho as montanhas,
Os vales solitários, nemorosos,
Isto nos faz recordar do
profeta Elias que sentia a presença de Deus na brisa suave. É no contato com a
natureza que este místico espanhol enamorava-se e se unia com Deus:
Sob o pé da
macieira,
Ali, comigo foste desposada;(...)
Ali te dei a mão...
Foi contemplando a beleza
da criação que João penetrava na mais envolvente união mística.
Gozemo-nos, Amado!
Vamo-nos ver em tua formosura,
No monte e na colina,
Onde brota a água pura;
Entremos mais adentro na espessura.
Ao contemplar a natureza,
essas imagens simbólicas evocam a união da alma com Deus. Contudo, podemos
dizer que João da Cruz tem uma visão profética. Ele não vê somente a beleza da
natureza, mas a união de Deus com o ser humano. Esta união harmoniosa com o ser
divino passa também pela relação harmoniosa com a natureza.
Como um pássaro que voa
livre no céu, João da Cruz vê e sente a sua alma nas alturas divinas. Assim diz
o poeta místico em outro poema:
Quando mais alto
subia,
Deslumbrou-se-me a visão...
E fui tão alto, tão alto,
Que lhe dei, à caça, alcance.
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