quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

CARMELO: jardim florido

O Carmelo aparece primeiramente como Cabo Sagrado nas tradições egípcias do séc. XV a.C. Teria uma longa história como lugar de culto. A parte mais elevada da Montanha de Deus tem aproximadamente 546 metros a cima do nível do mar, estendendo-se por 25 Km. Começa junto ao mar Mediterrâneo, onde está o convento Stella Maris e termina em Muhraqa.

O nome Carmelo sugere a tradução para "jardim florido" ou "jardim de árvores" e, assim é: um verdadeiro jardim. Em diversos textos da Sagrada Escritura ressalta-se a beleza do Carmelo:

"A glória do Líbano foi dada, o esplendor do Carmelo e do Saron" (Is 35,2).

"Tua cabeça ergue-se sobre ti como o Carmelo" (Ct 7,5).

De fato, a beleza do Carmelo nos faz recordar a constante presença de Deus em nossa vida e por toda a natureza.




São João da Cruz evoca a beleza do Carmelo


O grande místico carmelita João da Cruz (1542-1591) mostrou o imostrável: a união entre Deus-alma-natureza. Cantou em sua poesia “Cântico Espiritual”, a beleza divina na criação. João da Cruz via a presença de Deus na natureza. Para ele, a natureza é um rastro de Deus:
No Amado acho as montanhas,
Os vales solitários, nemorosos,

Isto nos faz recordar do profeta Elias que sentia a presença de Deus na brisa suave. É no contato com a natureza que este místico espanhol enamorava-se e se unia com Deus:

            Sob o pé da macieira,
            Ali, comigo foste desposada;(...)
            Ali te dei a mão...

Foi contemplando a beleza da criação que João penetrava na mais envolvente união mística.

            Gozemo-nos, Amado!
            Vamo-nos ver em tua formosura,
            No monte e na colina,
            Onde brota a água pura;
            Entremos mais adentro na espessura.

Ao contemplar a natureza, essas imagens simbólicas evocam a união da alma com Deus. Contudo, podemos dizer que João da Cruz tem uma visão profética. Ele não vê somente a beleza da natureza, mas a união de Deus com o ser humano. Esta união harmoniosa com o ser divino passa também pela relação harmoniosa com a natureza.
Como um pássaro que voa livre no céu, João da Cruz vê e sente a sua alma nas alturas divinas. Assim diz o poeta místico em outro poema:

            Quando mais alto subia,
            Deslumbrou-se-me a visão...
            E fui tão alto, tão alto,
            Que lhe dei, à caça, alcance.



















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